Em 23 de dezembro de 2024, o governo federal publicou o Decreto 12.341 que atualiza as diretrizes referentes ao uso da força por parte das forças policiais no país. Este decreto, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visa estabelecer parâmetros claros para a atuação dos agentes de segurança pública, enfatizando a eficiência operacional, a valorização profissional e o respeito aos direitos humanos.
Diretrizes Gerais do Decreto
O decreto estabelece que o uso da força pelos agentes de segurança pública deve ser empregado apenas quando recursos de menor intensidade se mostrarem insuficientes para alcançar os objetivos legais pretendidos. Além disso, o uso de armas de fogo é categorizado como medida de último recurso, a ser adotada somente em situações extremas.
É salientado que as ações policiais não devem discriminar indivíduos com base em cor, raça, etnia, orientação sexual, idioma, religião, nacionalidade, origem social, deficiência, situação econômica, opinião política ou qualquer outra característica. Essa diretriz reforça o compromisso com a igualdade e a não discriminação nas operações de segurança pública.
Competências do Ministério da Justiça e Segurança Pública
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) assume um papel central na implementação das novas diretrizes, sendo responsável por:
- Elaboração de Normas Complementares: O MJSP deverá editar, em até 90 dias, portarias que detalhem os procedimentos operacionais relacionados ao uso da força.
- Capacitação dos Profissionais: Serão oferecidos programas de treinamento voltados ao uso adequado da força, visando preparar os agentes para atuarem conforme as novas diretrizes estabelecidas.
- Divulgação das Normativas: O ministério trabalhará na disseminação das informações sobre as novas regras, tanto para os profissionais de segurança pública quanto para a sociedade em geral, promovendo transparência e conscientização.
Criação do Comitê Nacional de Monitoramento do Uso da Força
O decreto prevê a formação do Comitê Nacional de Monitoramento do Uso da Força, que contará com a participação da sociedade civil. Este comitê terá a missão de monitorar e avaliar a implementação das políticas relacionadas ao uso da força, assegurando que as diretrizes sejam cumpridas de maneira eficaz e transparente.
Condicionamento de Recursos aos Fundos de Segurança
Os repasses de recursos provenientes do Fundo Nacional de Segurança Pública e do Fundo Penitenciário Nacional para ações que envolvam o uso da força estarão condicionados ao cumprimento das diretrizes definidas pelo decreto. Essa medida busca garantir que os órgãos de segurança pública adotem as práticas estabelecidas, promovendo a conformidade com as novas normas.
Implicações para a Atuação Policial
As novas diretrizes têm como objetivo principal orientar a atuação policial de forma a minimizar o uso da força e prevenir abusos. Ao estabelecer que o uso de armas de fogo deve ser uma medida de último recurso, o decreto busca reduzir a letalidade nas operações policiais e promover abordagens mais cautelosas e proporcionais.
Além disso, a ênfase na não discriminação e no respeito aos direitos humanos reforça a necessidade de que as ações policiais sejam conduzidas com imparcialidade e equidade, respeitando a dignidade de todos os cidadãos.
Desafios na Implementação
A implementação efetiva das novas diretrizes apresenta desafios significativos, incluindo:
- Capacitação Adequada: Garantir que todos os agentes de segurança pública recebam treinamento adequado para atuar conforme as novas normas.
- Monitoramento e Avaliação: Estabelecer mecanismos eficazes para monitorar e avaliar a aplicação das diretrizes no cotidiano das operações policiais.
- Engajamento da Sociedade Civil: Assegurar a participação ativa da sociedade civil no Comitê Nacional de Monitoramento do Uso da Força, promovendo transparência e responsabilidade.
A atualização das normas sobre o uso da força pelas polícias no Brasil representa um avanço importante na busca por abordagens mais equilibradas e respeitosas aos direitos humanos. No entanto, é fundamental reconhecer o desafio diário enfrentado pelos policiais nas ruas, que frequentemente colocam suas vidas em risco para proteger uma sociedade que, muitas vezes, os trata com desprezo e desconfiança. Enquanto as novas diretrizes buscam promover uma atuação mais justa, é imprescindível considerar o contexto de tensão e perigo em que esses profissionais operam, equilibrando a necessidade de melhorar as práticas policiais com o reconhecimento das adversidades que enfrentam em sua missão de garantir a segurança pública.
Para uma análise mais detalhada, assista ao vídeo a seguir: